






Nem sei por onde começar o dia de hoje, até porque hoje não é hoje, é amanhã e pelo horário talvez depois de amanhã. O post será muito, muito longo, apenas para os que tiverem paciência. Isso deixa de ser um simples diário de bordo e se torna um verdadeiro testemunho, pois foram os dois dias mais difícies não só da viagem, mas de muito tempo da minha vida. Lá vai:
Como é bom dormir em hotel bom! Quarto limpo, roupa de cama limpa, mas ainda assim, o meio chique daqui, é o fuleiro no Brasil. Café da manhã, o de sempre, medialunas + café com leite. Acordamos bem cedo pois, fomos informados que a casa de câmbio abria “cedinho”, a surpresa é que o cedinho deles é “por volta” das 08:30hs. Perdemos mais um tempão zanzando pela cidade que é bonita por ser bem antiga, mas tínhamos ansiedade em partir. Cansados de andar, paramos numa praça, morrendo de frio e esperando o Banco de La Nacion abrir, perdemos mais tempo na fila e descobrimos que não se aceitava reales. Fomos ao Itaú, onde se aceitava reales, porém somente com passaporte. Achamos uma casa de câmbio que estava com uma cotação melhor que da aduana e compramos pesos chilenos e argentinos. Nem acreditávamos, finalmente seguiríamos viagem. Voltamos correndo para o hotel, fizemos check-out e aguardamos o Nano subir a Cochera com o carro. Quando eu e o Pablo entramos no carro, o Nano deu a partida, mas a partida não aconteceu (lembrar disso é um pesadelo). Ele conseguiu fazer pegar acelerando, mas a luz da injeção acendeu e o carro perdeu força...Eu e ele conhecíamos muito bem esse problema (gastamos muito em SP para resolver isso e viajarmos sossegados)...mas lá estava ele de volta, que desespero. Ele tentou de tudo, o carro morria, pipocava, ligava de novo, parava de acelerar morria de novo, que desespero!...Achei melhor nem tentar sair com o carro desse jeito no trânsito caótico da Av. que é como se fosse a nossa Paulista. Descemos o carro pela cochera, super apertada, tinha carro atrás, tiveram que voltar, um transtorno. Pedimos ajuda para a recepcionista e pretendíamos pegar um táxi até onde tivesse alguma oficina, buscar um mecânico. Ela conseguiu pelo telefone que viesse alguém por não menos que 100 pesos, não tínhamos saída. O Sr. falou, falou e não falou nada, muito menos fez...depois chegamos à conclusão que ele não tinha nenhuma experiência em problemas eletrônicos ou coisas do tipo, como já disse anteriormente, a grande maioria dos carros daqui são muito velhos. Ele saiu com o Nano para “provar” o carro. Eu e o Pablo sentamos na calçada na frente do hotel com cara de cachorros abandonados esperando, esperando, eternamente...Quando eles chegaram e entraram na cochera, logo vi no paralama o porquê da demora, uma batida. Fala sério, só pode ser mentira...O Nano desceu do carro e perguntei como tinha acontecido a batida? Ao que ele me responde: Que batida? Não bati o carro!...Pois é, bateram no carro na garagem do hotel sem que a gente visse, enquanto procurávamos mecânico. Foi só uma ralada, uma bela ralada, mas a situação estava tão angustiante que o Nano nem ligou, o que teria deixado ele enfurecido em qualquer outro dia. O mecânico continuou não resolvendo nada, mesmo tendo dado o problema de novo enquanto eles davam uma volta. Disse que precisava de scanner, que deveríamos procurar a Fiat, coisa e tal, mas que poderíamos seguir viagem...lá se foi 100 pesos ao lixo. Decidimos seguir daquele jeito mesmo e que Deus nos ajudasse, acreditávamos que pudesse ser da gasolina diferente...saindo da cidade, pifa de novo, o maior trânsito e só conseguíamos andar em primeira! Todo mundo buzinando, um nervoso absurdo...Pedi ao Nano que procurássemos uma Concessionária Fiat. Por incrível que pareça, estávamos na avenida certa, chegamos não sei como, nos balançando dentro do carro, como se quiséssemos assim empurrá-lo. E como TUDO tem acontecido com a gente ao 12:00hs (horário em que eles fecham tudo), dessa vez não poderia ser diferente. Conseguimos explicar ao funcionário o que estava acontecendo, ele anotou todos os dados e disse que apenas para scanear e procurar o possível defeito...140 pesos, fora o concerto, além disso, eles precisavam almoçar e só retornariam pelas 14:00 ou 14:30hs...que jeito?! Deixamos o carro com uma baita dor no coração e com a sensação de que era o começo do fim, mas sempre com uma esperança, sempre! A cada vez que tiravam nosso chão, a tristeza aumentava, mas sempre pensávamos numa outra saída. Saímos sem destino, num bairro bem afastado da cidade onde não tinha uma alma viva. Morrendo de fome, mas sem vontade de comer, andando sob um Sol escaldante...achamos um kiosco, como eles chamam aqui, o que parece uma “vendinha” para nós...há infinitas por aqui. Compramos um sandwich, nosso lanche, mas aqui é um pão de forma compridão e bem fininho, sempre com queijo e presunto, nada mais e pronto de fábrica. Desolados, nem tínhamos onde ficar, sentamos numa escada, na frente de uma casa, comemos nossa tripa de pão e pela primeira vez eu comecei a sentir muito medo de estar longe de casa e da nossa família, nós estávamos literalmente sem casa, o que a “Catarina” tinha se transformado para nós. O Pablo colocou o boné na cara e tentou cochilar num canto, eu e o Nano começamos a filosofar sobre as coisas da vida, sobre o que escolhemos para nós. Nos contraíamos de frio, porque no Sol é insuportável, mas na sombra é muito frio, venta muito. A hora não passava, os minutos eram angustiantes. Achamos um pé de mexerica numa ruazinha...áhhh uma lembrança do Brasil, eu faria tudo para comer uma mexerica...inclusive subir na árvore...uma cena ridícula, o Nano me escorando pelo ombro, me arranhei toda, mas consegui várias mexericas...o cheiro estava maravilhoso, então mordi com vontade, com muita vontade! O ácido entrou rasgando um corte que já tinha na minha boca por causa do vento, como doeu aquilo! Corri tomar coca quente, engasguei, saiu pelo nariz...aquilo tudo virou uma palhaçada, demos risada e por um momento esquecemos da situação tensa. Eu queria ficar ali na rua pra sempre, com medo do que viria pela frente....hora de retornar, saber o diagnóstico, caminhamos de novo pelo Sol, cansados e desanimados. Chega lá e uma espera interminável, eu olhava a “Catarina” no pátio pelo vidro da recepção, o Nano e o Pablo sentados de cabeça baixa...nenhum médico vinha nos dizer o que estava acontecendo com ela, sim, era exatamente essa a sensação, como se eu estivesse olhando uma pessoa querida pelo vidro de uma enfermaria. Se ela estivesse muito doente, seria o fim do nosso sonho. Não agüentei mais a angústia, peguei o Nano e o Pablo e entramos no pátio. Os mecânicos mexendo no scaner como se fosse um ventilador mecânico de UTI...áh Meu Deus, aquilo precisava dar certo. Mas não deu, ou “quase” não deu...o scaner acusou alguns erros (que eu e o Nano conhecíamos de cor, de SP) e o prognóstico foi péssimo, esse foi o maior tapa na cara desde que tudo começou...eles simplesmente não podiam fazer nada, porque não existe Palio 1.0 na Argentina. Não podiam trocar nenhuma peça, nem 1 fio sequer, porque diziam que o motor é totalmente diferente. Aqui eles só tem 1.4 ou 1.8 e 8V...estávamos dispostos a acabar com o limite do cartão de crédito se fosse necessário, mas eles simplesmente não tinham as peças, nenhum tipo. Teriam que pedir do Brasil e demoraria 20 dias para chegar. O desespero se transformou em pânico, além de acabar tudo, não sabíamos nem como voltar ao Brasil. Eles disseram que fariam uma limpeza nos conectores e era o máximo que podiam fazer. Rezamos e muito. Limpeza feita, fios mexidos, o carro volta a funcionar normalmente, fica em teste e tudo bem, mas era só, ele não podia nos dar nenhuma garantia, nem dizer exatamente qual era o problema.
Às margens do Rio Primera Suquia nós literalmente sentamos e choramos...era o fim de um sonho, de um ano de abdicações, de planejamentos, de empolgações, de acreditar que mesmo para pessoas simples como nós, é possível sair do seu bairro e conhecer um pouco do mundo...eu não me lembrava de alguma coisa ter doído tanto. O Nano estava inconsolável, chorava como criança, se culpava por ter escolhido o carro errado...nessas horas, passa absolutamente de tudo pela cabeça e é bem aí que começa a piração. Eu só sabia que queria falar com meu pai, eu precisava desesperadamente falar com meu pai. Resolvemos voltar ao hotel que havíamos passado a noite anterior e aguardar até hoje (03/09) pela manhã para retornar ao Brasil. Ficamos os 3 no quarto escuro, horas, sem se mexer, quase sem respirar, pensava em tudo que tinha feito, todas as pessoas que tinha envolvido nesse projeto, a sensação de fracasso me arrebentava por dentro. O Pablo saiu pra respirar, eu e o Nano chorávamos, nos acalmávamos, choramos de novo...a dúvida nos matava, tentar seguir adiante e correr o risco de tudo piorar, voltar ao Brasil e ficar com a sensação de fracasso, vazio, vergonha...parecia que a gente nunca ia se recuperar, mentira, eu sei, tudo passa, nem é tão grave assim, mas tínhamos depositado TODAS as nossas fichas, concluir isso era muito importante, por nós mesmos, e pelo que desejávamos para o Pablo....Cadê você pai?
Resolvemos então sair pra tomar um pouco de ar, tentar jantar e nos conformar com a realidade...fomos até um Mc onde só jogamos mais dinheiro fora, pelo menos o Pablo comeu melhor, tbém estava a tanto tempo sem comer....mas pra mim, parecia pedra. Eu e o Nano jogamos tudo fora. Às 23:00hs consegui falar com meu pai, ou melhor, não consegui, eu só chorava...ele tentou me acalmar de todas as formas, me encorajando a voltar numa próxima oportunidade, o mesmo com o Nano e o Pablo e minha mãe também...não queria deixá-los preocupados, mas não consigo dar um passo sem a opinião dele...coitado, que cruz. Ele ficou de tentar alguma coisa com nosso mecânico no Brasil e nos retornar pela manhã de hoje (03/09). Tomei um calmante e deitamos, aguardar o dia seguinte, a volta, que triste...(vocês pensam, não é nada demais, tem tanta coisa pior) eu sei de tudo, agradeço à Deus a todo o momento por estarmos bem, mas dói, dói muito.
Termino o post na cama de outro hotel, ainda em Córdoba, com o Nano e o Pablo dormindo, depois do segundo dia mais difícil e cansativo. Mas é outra longa história que, se der tudo certo, pretendo continuar amanhã e reativar o blog..................................
Como é bom dormir em hotel bom! Quarto limpo, roupa de cama limpa, mas ainda assim, o meio chique daqui, é o fuleiro no Brasil. Café da manhã, o de sempre, medialunas + café com leite. Acordamos bem cedo pois, fomos informados que a casa de câmbio abria “cedinho”, a surpresa é que o cedinho deles é “por volta” das 08:30hs. Perdemos mais um tempão zanzando pela cidade que é bonita por ser bem antiga, mas tínhamos ansiedade em partir. Cansados de andar, paramos numa praça, morrendo de frio e esperando o Banco de La Nacion abrir, perdemos mais tempo na fila e descobrimos que não se aceitava reales. Fomos ao Itaú, onde se aceitava reales, porém somente com passaporte. Achamos uma casa de câmbio que estava com uma cotação melhor que da aduana e compramos pesos chilenos e argentinos. Nem acreditávamos, finalmente seguiríamos viagem. Voltamos correndo para o hotel, fizemos check-out e aguardamos o Nano subir a Cochera com o carro. Quando eu e o Pablo entramos no carro, o Nano deu a partida, mas a partida não aconteceu (lembrar disso é um pesadelo). Ele conseguiu fazer pegar acelerando, mas a luz da injeção acendeu e o carro perdeu força...Eu e ele conhecíamos muito bem esse problema (gastamos muito em SP para resolver isso e viajarmos sossegados)...mas lá estava ele de volta, que desespero. Ele tentou de tudo, o carro morria, pipocava, ligava de novo, parava de acelerar morria de novo, que desespero!...Achei melhor nem tentar sair com o carro desse jeito no trânsito caótico da Av. que é como se fosse a nossa Paulista. Descemos o carro pela cochera, super apertada, tinha carro atrás, tiveram que voltar, um transtorno. Pedimos ajuda para a recepcionista e pretendíamos pegar um táxi até onde tivesse alguma oficina, buscar um mecânico. Ela conseguiu pelo telefone que viesse alguém por não menos que 100 pesos, não tínhamos saída. O Sr. falou, falou e não falou nada, muito menos fez...depois chegamos à conclusão que ele não tinha nenhuma experiência em problemas eletrônicos ou coisas do tipo, como já disse anteriormente, a grande maioria dos carros daqui são muito velhos. Ele saiu com o Nano para “provar” o carro. Eu e o Pablo sentamos na calçada na frente do hotel com cara de cachorros abandonados esperando, esperando, eternamente...Quando eles chegaram e entraram na cochera, logo vi no paralama o porquê da demora, uma batida. Fala sério, só pode ser mentira...O Nano desceu do carro e perguntei como tinha acontecido a batida? Ao que ele me responde: Que batida? Não bati o carro!...Pois é, bateram no carro na garagem do hotel sem que a gente visse, enquanto procurávamos mecânico. Foi só uma ralada, uma bela ralada, mas a situação estava tão angustiante que o Nano nem ligou, o que teria deixado ele enfurecido em qualquer outro dia. O mecânico continuou não resolvendo nada, mesmo tendo dado o problema de novo enquanto eles davam uma volta. Disse que precisava de scanner, que deveríamos procurar a Fiat, coisa e tal, mas que poderíamos seguir viagem...lá se foi 100 pesos ao lixo. Decidimos seguir daquele jeito mesmo e que Deus nos ajudasse, acreditávamos que pudesse ser da gasolina diferente...saindo da cidade, pifa de novo, o maior trânsito e só conseguíamos andar em primeira! Todo mundo buzinando, um nervoso absurdo...Pedi ao Nano que procurássemos uma Concessionária Fiat. Por incrível que pareça, estávamos na avenida certa, chegamos não sei como, nos balançando dentro do carro, como se quiséssemos assim empurrá-lo. E como TUDO tem acontecido com a gente ao 12:00hs (horário em que eles fecham tudo), dessa vez não poderia ser diferente. Conseguimos explicar ao funcionário o que estava acontecendo, ele anotou todos os dados e disse que apenas para scanear e procurar o possível defeito...140 pesos, fora o concerto, além disso, eles precisavam almoçar e só retornariam pelas 14:00 ou 14:30hs...que jeito?! Deixamos o carro com uma baita dor no coração e com a sensação de que era o começo do fim, mas sempre com uma esperança, sempre! A cada vez que tiravam nosso chão, a tristeza aumentava, mas sempre pensávamos numa outra saída. Saímos sem destino, num bairro bem afastado da cidade onde não tinha uma alma viva. Morrendo de fome, mas sem vontade de comer, andando sob um Sol escaldante...achamos um kiosco, como eles chamam aqui, o que parece uma “vendinha” para nós...há infinitas por aqui. Compramos um sandwich, nosso lanche, mas aqui é um pão de forma compridão e bem fininho, sempre com queijo e presunto, nada mais e pronto de fábrica. Desolados, nem tínhamos onde ficar, sentamos numa escada, na frente de uma casa, comemos nossa tripa de pão e pela primeira vez eu comecei a sentir muito medo de estar longe de casa e da nossa família, nós estávamos literalmente sem casa, o que a “Catarina” tinha se transformado para nós. O Pablo colocou o boné na cara e tentou cochilar num canto, eu e o Nano começamos a filosofar sobre as coisas da vida, sobre o que escolhemos para nós. Nos contraíamos de frio, porque no Sol é insuportável, mas na sombra é muito frio, venta muito. A hora não passava, os minutos eram angustiantes. Achamos um pé de mexerica numa ruazinha...áhhh uma lembrança do Brasil, eu faria tudo para comer uma mexerica...inclusive subir na árvore...uma cena ridícula, o Nano me escorando pelo ombro, me arranhei toda, mas consegui várias mexericas...o cheiro estava maravilhoso, então mordi com vontade, com muita vontade! O ácido entrou rasgando um corte que já tinha na minha boca por causa do vento, como doeu aquilo! Corri tomar coca quente, engasguei, saiu pelo nariz...aquilo tudo virou uma palhaçada, demos risada e por um momento esquecemos da situação tensa. Eu queria ficar ali na rua pra sempre, com medo do que viria pela frente....hora de retornar, saber o diagnóstico, caminhamos de novo pelo Sol, cansados e desanimados. Chega lá e uma espera interminável, eu olhava a “Catarina” no pátio pelo vidro da recepção, o Nano e o Pablo sentados de cabeça baixa...nenhum médico vinha nos dizer o que estava acontecendo com ela, sim, era exatamente essa a sensação, como se eu estivesse olhando uma pessoa querida pelo vidro de uma enfermaria. Se ela estivesse muito doente, seria o fim do nosso sonho. Não agüentei mais a angústia, peguei o Nano e o Pablo e entramos no pátio. Os mecânicos mexendo no scaner como se fosse um ventilador mecânico de UTI...áh Meu Deus, aquilo precisava dar certo. Mas não deu, ou “quase” não deu...o scaner acusou alguns erros (que eu e o Nano conhecíamos de cor, de SP) e o prognóstico foi péssimo, esse foi o maior tapa na cara desde que tudo começou...eles simplesmente não podiam fazer nada, porque não existe Palio 1.0 na Argentina. Não podiam trocar nenhuma peça, nem 1 fio sequer, porque diziam que o motor é totalmente diferente. Aqui eles só tem 1.4 ou 1.8 e 8V...estávamos dispostos a acabar com o limite do cartão de crédito se fosse necessário, mas eles simplesmente não tinham as peças, nenhum tipo. Teriam que pedir do Brasil e demoraria 20 dias para chegar. O desespero se transformou em pânico, além de acabar tudo, não sabíamos nem como voltar ao Brasil. Eles disseram que fariam uma limpeza nos conectores e era o máximo que podiam fazer. Rezamos e muito. Limpeza feita, fios mexidos, o carro volta a funcionar normalmente, fica em teste e tudo bem, mas era só, ele não podia nos dar nenhuma garantia, nem dizer exatamente qual era o problema.
Às margens do Rio Primera Suquia nós literalmente sentamos e choramos...era o fim de um sonho, de um ano de abdicações, de planejamentos, de empolgações, de acreditar que mesmo para pessoas simples como nós, é possível sair do seu bairro e conhecer um pouco do mundo...eu não me lembrava de alguma coisa ter doído tanto. O Nano estava inconsolável, chorava como criança, se culpava por ter escolhido o carro errado...nessas horas, passa absolutamente de tudo pela cabeça e é bem aí que começa a piração. Eu só sabia que queria falar com meu pai, eu precisava desesperadamente falar com meu pai. Resolvemos voltar ao hotel que havíamos passado a noite anterior e aguardar até hoje (03/09) pela manhã para retornar ao Brasil. Ficamos os 3 no quarto escuro, horas, sem se mexer, quase sem respirar, pensava em tudo que tinha feito, todas as pessoas que tinha envolvido nesse projeto, a sensação de fracasso me arrebentava por dentro. O Pablo saiu pra respirar, eu e o Nano chorávamos, nos acalmávamos, choramos de novo...a dúvida nos matava, tentar seguir adiante e correr o risco de tudo piorar, voltar ao Brasil e ficar com a sensação de fracasso, vazio, vergonha...parecia que a gente nunca ia se recuperar, mentira, eu sei, tudo passa, nem é tão grave assim, mas tínhamos depositado TODAS as nossas fichas, concluir isso era muito importante, por nós mesmos, e pelo que desejávamos para o Pablo....Cadê você pai?
Resolvemos então sair pra tomar um pouco de ar, tentar jantar e nos conformar com a realidade...fomos até um Mc onde só jogamos mais dinheiro fora, pelo menos o Pablo comeu melhor, tbém estava a tanto tempo sem comer....mas pra mim, parecia pedra. Eu e o Nano jogamos tudo fora. Às 23:00hs consegui falar com meu pai, ou melhor, não consegui, eu só chorava...ele tentou me acalmar de todas as formas, me encorajando a voltar numa próxima oportunidade, o mesmo com o Nano e o Pablo e minha mãe também...não queria deixá-los preocupados, mas não consigo dar um passo sem a opinião dele...coitado, que cruz. Ele ficou de tentar alguma coisa com nosso mecânico no Brasil e nos retornar pela manhã de hoje (03/09). Tomei um calmante e deitamos, aguardar o dia seguinte, a volta, que triste...(vocês pensam, não é nada demais, tem tanta coisa pior) eu sei de tudo, agradeço à Deus a todo o momento por estarmos bem, mas dói, dói muito.
Termino o post na cama de outro hotel, ainda em Córdoba, com o Nano e o Pablo dormindo, depois do segundo dia mais difícil e cansativo. Mas é outra longa história que, se der tudo certo, pretendo continuar amanhã e reativar o blog..................................
Coitados! Estão parecendo moradores de rua.Será que estão bem mesmo?
ResponderExcluirmas e não vale a pena seguir viagem de colectivo?? são tão baratas as passagens! pelo menos até mendoza, santiago...! Não desanimem! conheçam carlos paz! beijo, SUERTE
ResponderExcluirSe eu não soubesse que vcs terminaram bem essa viagem, juro que acreditaria que seus sonhos tinham terminado por aqui...
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