13/09/08 (Sábado) – El Calafate / El Chaltén / El Calafate – 436km






















De novo acordei no meio da noite me sentindo mal, muita falta de ar e dor no peito. A calefação desse hotel é muito forte e mesmo desligando os aquecedores do nosso quarto, continua muito quente. Custasse o que custasse hoje nós iríamos para Chaltén. Na ida fui melhorando, com a certeza de que seria um dia bom. Pegamos um pouco de rípio, e fizemos um pouco de rally, o que me anima bastante! Mas já está quase tudo asfaltado. O pueblito tem 2 ruas, uma que entra e uma que sai. Dispensando as informações técnicas para quem já conhece Chaltén e suas trilhas...Fomos de carro até um ponto e resolvemos fazer a trilha mais curta, sem tempo, sem condicionamento físico, não dava. O Nano preparou uma mochila com suprimentos para 1 mês, a cada 20 passos ele queria parar pra comer (a trilha devia ter uns 50 passos de distância), fomos até uma cachoeira, onde ele quis fazer um “lanchinho”, depois de apreciarmos o lugar, tirarmos umas fotos e dizermos “áh ta, legal”, começamos a voltar. Uns 20 passos e ele propõe pararmos pra comer um “pedacinho” de bolo...fala sério! O Pablo olhava com cara de desacreditado e balançava a cabeça. Acabou, legal, vamos pegar a estrada e voltar. Sinto muito, nem a pau, pelo menos uma trilha de “mediozinho” esforço vamos ter que fazer. Escolhi uma lá mais ou menos e começamos animadinhos, quando olhei PARA CIMA não acreditava no que ia ter que subir, mas beleza, só aquela subidinha não ia matar ninguém....no começo, achei sim que ia morrer, a subidinha se transformou em várias, uma atrás da outra, acho que todo o sangue do meu corpo foi parar na minha enxaqueca, ops, na minha cabeça, parecia que ia estourar. Mas a visão foi ficando cada vez mais incrível e a endorfina correndo solta, não queria mais voltar. A cidade foi ficando bem pequenininha, lebres saltitantes “pululavam” na nossa frente (rs...essa forcei) mas é verdade! Nós nos empolgamos tanto que perdemos o caminho da trilha pretendida e seguimos sem saber por uma de maior grau de dificuldade. Encontramos todo tipo de obstáculo, muitos troncos e galhos no meio do caminho, até que começou o hielo! A trilha era toda de gelo, como numa pista de patinação e lama, muita lama! Encontramos um lago congelado, subimos e descemos diversas vezes, andamos muito, ainda não sei quantos km e decidimos voltar por causa do horário, chegamos bem próximos do Fitz Roy e do Glaciar, mas tínhamos que voltar ou passávamos a noite congelados no meio do bosque. O Pablo que no começo não queria encarar, agora não queria mais voltar, queria achar algum abrigo e continuar, continuar...xarope. Na volta é que nos damos conta do quanto andamos. Não é fácil fazer trekking no gelo, na neve e na lama e sem equipo apropriado a não ser nossas botas “meia boca”. Eu estava tão cansada que não escolhia mais onde pisar. O Nano começou com ataque de bobeira, daqueles que não têm a menor graça e ao mesmo tempo tem toda graça do mundo, rindo e cansada, fiquei com lama quase até os joelhos, afinal, quem está na lama é pra se afundar mesmo. Para uma sedentária como eu, foi uma superação. O comilão estava cheio de calor por causa do exercício e quis ficar só de camiseta o tempo todo...no final da tarde, com o sol caindo, muita neve, muito vento...uma das placas de gelo rachou embaixo de seus pés e caiu na água congelante, não teve bota impermeável que segurasse...e o tempo todo de camiseta. Depois ainda percorremos mais 200 e tantos km de carro, com as botas e pés molhados. Fizemos da banheira do hotel um belo tanque de lavar roupas e entupimos o ralo com tanto barro das calças e meias. As botas, decidimos deixar secar o barro e usar assim mesmo...rs...(minha mãe morre do coração).Hoje é amanhã, se é que me faço entender e o calorento está aqui do meu lado, na cama, se queixando a cada 2 minutos, “ai minha garganta” “ai que dor no corpo” (viu Dna. Vanda, teimoso que nem uma porta). Ainda encontramos energia para fazer uma bela macarronada no quarto do hotel, e arrumar as malas para pegar estrada no dia seguinte.