14/09/08 (Domingo) – El Calafate / Puerto Natales – 370km






















Perdemos um tempão para sair de Calafate, pois o sistema de tarjetas estava fora, o Nano já meio estressadinho, normal. Decidimos novamente fazer o caminho mais longo para não pegar a 40, voltamos a Esperanza onde paramos para abastecer e comprar algo para comer, (só eles, eu não como mais esses lanches horríveis da estrada, aprendi a fazer um lanchinho de tostadas com queso nos desayunos dos hotéis e guardar na minha lancheirinha para almoçar mais tarde) inclusive, o Nano pode constatar quando mordeu sua pedra, ou melhor, seu lanche, que, eram os mesmos que estavam lá quando passamos há dias atrás. De lá, pegamos a ruta 7 que está pavimentada, mas nos mapas ainda não aparece e quando chegamos no miolo de cidadezinhas por onde se sai da Argentina para o Chile, nos perdemos. Fomos sentido El Turbio, estrada de rípio no meio do nada, vimos uma casinha de posto policial e claro, seria a melhor pessoa para nos orientar, mas acho que o “Seu Guarda” ficou tão desorientado quando viu aquele carro imundo, do Brasil, naquele fim do fim do mundo, o frio estava de lascar e eu não queria descer do carro, mas o Nano teve que me chamar para portunhar com o carinha, ele parecia um cachorro do mato, assustado, falava pra dentro, olhava de rabo de olho, eu achava que qualquer hora ele me dar um golpe de karatê...caminho explicado, quem disse que o guardinha deixava a gente ir embora? Queria nossos documentos para averiguação, entrou na casinha e não saiu nunca mais, deve ter passado rádio até para a Casa Branca e o frio nos rachando! Falei para o Pablo continuar mudinho dentro do carro, porque ele não o tinha visto, se não, seria mais uma bateria de averiguações. Enfim, liberados, achamos o caminho certo, passamos por Rio Turbio, cidade de mineração, tudo cinza, muito frio, muito fim do mundo. Cada vez mais somos atração turística, todos os frentistas, moleques na rua, tiozinhos que dão informação, guarda-parques...enfim, todos querem saber de onde estamos vindo, quanto tempo viajando, se o carrinho é bom, Ronaldinho, Kaká, Ronaldinho, Kaká...não agüento mais ouvir falar de futebol brasileiro por onde passsamos...Sempre tem àqueles tiozinhos que querem tirar um sarro do jogo que o Brasil perdeu do Chile, fazem suas piadas e arreganham àquelas gengivas murchas, sem dentes, numa gargalhada gostosa...eu me divirto. Fronteira, frio rachando, cachorrinhos de rua sempre muito amigos do Pablo que deitam suas barriguinhas pulguentas pra ele coçar, burocracia, formulários, carimbos, Espanhol ferrado....Nano, está na hora de decidir! Natales está próximo, vamos direto ao Torres acampar, como combinado, usar todas as tralhas que estamos carregando desde SP?...Hmmm, um olha pra cara do outro, os dois olham pela janelinha da aduana, vários metros de neve lá fora, olham de novo um pra cara do outro, o Nano fala, “ta, vamos acampar” quase que num sussurro, percebi que era para me agradar (ele sabia que o Torres é meu maior desejo na Patagônia, mais do que qualquer lugar), eu pensei, olhei de novo pra neve e falei pra ele: “sem televisão, sem banho quente, sem calefação, sem caminha macia e cheirosa?”...Putz, são por essas coisas que estamos juntos, não rola né? Vambora procurar um hotelzinho quentinho e depois a gente vê o que faz com o Torres.
É isso aí Gui, Wagner, Fernanda, Felipe, Diógenes...nós não somos de nada! Quando a neve bate na b... a gente corre! Valeu a colaboração, mas trouxemos todo o equipamento de vocês pra passear na Patagônia, pois estamos num belo e quente hotelzinho em Natales, de frente para o lago (isso é um lago?), vida boa.

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