18/09/2008 (Quinta) – Ushuaia


















































































































































































































































































































































































































































































































































































Café da manhã panorâmico na hospedage, com vista de quase toda Ushuaia. Manhã fria, de Sol, dia lindo, rosto doendo por causa do frio e alívio para a alma, frrrio, muito bom o frrrrio!!! Estávamos cansados e no dia seguinte começaríamos a subida, então decidimos não realizar grandes esforços nesse dia. Fomos à um locutório dar as boas novas ao Brasil e em seguida passeamos pela Av. Costanera (Maipú), conhecemos o Porto de Ushuaia, fizemos fotos na famosa e tão conhecida placa do “Fin Del Mundo”, com a sensação incrível de que tínhamos conseguido, o sabor da vitória é indescritível!...Conhecemos o principal cartão postal da cidade, que é pura história, o navio rebocador Saint Christopher, encalhado na baía da cidade. Ele chegou em 1953 para tentar resgatar o navio de passageiros Monte Cervantes, que estava afundando (nas proximidades do Parque Nacional, não sei exatamente onde, pois não fizemos o passeio pelo Canal de Beagle). Não tendo êxito, o rebocador sofreu danos irreparáveis, encalhou na baía e hoje faz parte da paisagem da cidade. Ushuaia (baía que penetra até o poente, na língua dos índios yamanas), fica incrustada entre montanhas e mar, bucólica, com construções tipicamente européias. Seu Porto, possui águas profundas, o mais próximo da Antártida, parada obrigatória para navios que partem com este destino. Nesse dia estavam atracados no Porto somente navios cargueiros, da Argentina, Chile, Chipre e Libéria.
Depois da visita rotineira a uma casa de câmbio, resolvemos nos dar um almoço de reis e rainha, procuramos um bom restaurante, estávamos famintos e quando vimos aquele cordeiro girando na brasa, parecíamos personagens de desenho animado, com os olhos esbugalhados e a língua no chão. Experimentamos a “Parrillada” prato típico Argentino, um jeito diferente de fazer churrasco, a “las brasas”, composto por diferentes miúdos de boi, lingüiças embutidas (como o chorizo, eca!) e o cordeiro (hummm), nem preciso dizer que dispensamos tudo e ficamos só com o cordeirinho, desculpe, tão fofinho, mas tão gostosinho. Brindamos a nossa conquista e fomos bater pernas em busca de regalos...descobrimos como Ushuaia é cara, mas o passeio pela San Martin foi muito bom. Depois fomos ao Museu do Fim do Mundo, onde pudemos conhecer um pouco do passado fueguino. A boa, foi termos conhecido na entrada do Museu um casal brasileiro, de Curitiba, gente muito boa! Engrenamos numa conversa animada sobre nossas impressões do povo argentino e nossa aventura de carro (esperamos que eles se animem e realizem a mesma empreitada) ...A visita começa pelo Marítimo, onde tivemos a grata e emocionante surpresa de logo de cara nos depararmos com o Mapa Mundi com o qual Fernão se guiou para encontrar um passo que unisse o Mar Atlântico com o Pacífico, o Lopo-Homem, datado de 1519 e uma réplica em miniatura da “Trinidad”, a Nao de Fernão, assim como a “Catarina” do Chicão, onde ele tentou dar a volta ao mundo. Depois de descobrir o Estreito de Magalhães (naquela época batizado como “Todos os Santos”) e seguir viagem pelo Pacífico, ele morreu nas Filipinas, numa batalha com nativos. A Expedição que deu a volta ao mundo, partiu com 5 Naos e 266 homens, porém, a única que concluiu a viagem foi a “Victória”, chegando na Espanha em dezembro de 1522 com apenas 17 dos 266 homens que, morreram por doenças e em batalhas.
Quando Fernão adentrou o Estreito, avistou uma paisagem avermelhada, incandescente, embaçada pela bruma do inverno que cobria aquela noite, eram as fogueiras dos índios Onas, únicos habitantes da região, que mantinham fogueiras acessas para protegerem-se do intenso frio, por isso, Fernão batizou o lugar de Terra do Fogo. Eles foram extintos, claro, pela presença do homem branco! Estavam acostumados a viverem nus, mesmo com tanto frio, ao redor das fogueiras. Com a chegada dos europeus, começaram a usar roupas, passavam a maior parte do tempo com elas úmidas, aqueciam-se nas fogueiras, voltavam a ficar úmidos e foram contraindo doenças como tuberculose e pneumonia, além das disputas territoriais. Então, passamos ao museu do ex-presídio...em 1896 chegou o primeiro grupo formado por 14 presidiários, assim iniciou-se o Cárcere de Reincidentes, construído de forma provisória em casas de madeira e chapa. O presídio foi construído pelos próprios presidiários, com ferramentas muuuito precárias, porém, considerado de segurança máxima, para condenados de penas pesadas ou prisão perpétua. A disciplina era severa e baseada no trabalho retribuído, assim foi construída Ushuaia, pelos presidiários, Porto, hospital, prédio do correio, ruas, pontes, edifícios, exploração das florestas, e a linha férrea! Além da primeira imprensa, telefone, eletricidade, bombeiros....uau! Nossos Presidentes podiam aprender um pouco em Ushuaia! Foi interessante conhecer a história dos principais presidiários, seus crimes, suas tentativas de fuga, sempre sem êxito, pois o presídio foi construído em cima de rocha! Os que conseguiam, com a ajuda de guardas, se não fossem pegos pelos carabineiros do Chile, ironicamente voltavam, pois não agüentavam o frio e a fome. Um dos pavilhões foi mantido totalmente original, durante a visita estávamos só nós 3! Foi sombrio e assustador imaginar as coisas que se passaram naquelas celas e corredores.
Saímos de lá já estava caindo a noite e decidimos hibernar o resto das horas e curtir a hospedage. O dia seguinte seria longo, como muito chão, muita pedra, mar e fronteiras.

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