11/09/08 (Quinta) – Comodoro Rivadavia / El Calafate – 1001km











Assaltaram nossos pobres pesinhos no hotel de Comodoro, nada incluso no valor que já era alto. Saímos cedo e pelo menos não estava chovendo, apesar da ventania. Meu objetivo era El Chalten, mas suspeitava que não conseguiríamos chegar no mesmo dia pois, eram 1200km, sendo 200 de rípio. O tempo e o dinheiro começam a me preocupar. A viagem correu sem novidades, consegui revezar com o Nano que, desde que a Catarina deu problema, não me deixou mais dirigir, mas percebi que ele estava chegando à exaustão e dei um ultimato...como sempre muito deserto, vento e sol. Prevendo que, não alcançaríamos Chalten nesse dia, colocamos La Esperanza como meta, assim, no dia seguinte, ficaria um trecho curto de pavimento + 200km de rípio. El Chalten é uma cidadezinha considerada a capital mundial do trekking, ou seja, é só o que há para se fazer lá...isso me preocupava, a logística não estava boa, chegaríamos no meio do dia e não tínhamos tempo para ficar, teríamos que chegar, fazer uma trilha qualquer e no dia seguinte partir para Calafate. Mesmo que rápido, eu não queria deixar Chalten. No caminho, fomos reparando que as cidades “anunciadas” nas placas não passavam de meia dúzia de casas, algumas nem chegavam a ser uma vila. Paramos em Três Cerros para “almoçar”, a cidade É um posto de gasolina com um hotelzinho anexo. Por incrível que pareça, nesse fim de mundo, no meio do deserto, tinha umas pizzas velhas que ficam expostas e uns fazendeiros na lanchonete do posto usando notebook com internet wi-fi. Depois de comermos as deliciosas pizzas esturricadas (um banquete perto daquele lanche tripa horrível) seguimos pelo deserto e as cidadezinhas de meia dúzia de casas iam diminuindo cada vez mais, mas como “La Esperanza” é a última que morre, tínhamos fé em encontrar alguma infra-estrutura. E era enorme! Um posto, uma lanchonete e um hotel anexo à lanchonete! Descemos do carro e tocava um rock numa caixa de som que ficava pra fora da lanchonete, quando entrei me senti dentro de um filme americano que se passa na rota 66. No canto uma junkebox, atrás do balcão duas moças com traços fortes de lápis nos olhos e uns gordos, carecas e rockeiros. Nós éramos os forasteiros e o centro das atenções...daí o Pablo resolve jogar uma conversa na “garota” do careca e como não podia deixar de ser, rolou o maior quebra pau! Cadeira e mesa voando pra tudo que é lado, sobrou até pra um vôzinho que estava sentado na porta mascando um matinho. Eu pulei nas costas do gordão careca e lhe dei uma bela chave de pescoço, ele girava que nem um touro mecânico e eu lasquei uma mordida na orelha dele....tá, tá, tá, tudo mentira, era só pra fechar a cena do filme, foi mal...rs...na verdade, o máximo que falamos foi “tienes triplo?” e a mocinha nos levou para conhecer o resort....afeee...que medo! Não dava. Ainda tinha um daqueles aquecedores à gás, que mata os casais abraçadinhos durante a noite, não, definitivamente não dava! Mudanças de planos enquanto eu olhava para o foguinho do aquecedor...a cidade mais próxima era El Calafate, 100 e tantos km, talvez de rípio, eram 18:00hs, ainda tinha um pouco de sol...enfim, vamos arriscar! Vamos para Calafate depois eu penso o que fazer com Chaltén, chegaremos tarde e cansados, mas com certeza conseguiremos um lugar melhor pra dormir. Inclusive, nem abraçadinhos poderíamos inalar o gás, eram 2 beliches. A moça confirmou que dali pra frente era tudo rípio...Era o caramba! Fomos até Calafate super bem! Tudo pavimentado, estrada boa, cidade linda, hotel maravilhoso, com vista para o Lago, tudo incluso, mais barato que o “cafofo do aquecedor à gás” e não demoramos para encontrar. Mas eu estava bem no meio de uma crise de enxaqueca, não conseguia pensar em mais nada à não ser ficar paralisada no escuro.

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